Boxe de rua vs boxe profissional: Como as regras, treinamento e cultura diferem

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O boxe “de rua”, praticado nas lutas não reguladas, tem muito em comum com o boxe que vemos nos ringues profissionais, no UFC, nas academias de treino. Mas as diferenças são grandes. O boxe de rua não possui muitas regras, como o profissional, e geralmente é praticado sem luvas ou outros equipamentos.

Sendo assim, será que o boxe de rua pode até ser chamado de “boxe”? 

Para entender essa questão, é preciso refletir que o boxe que conhecemos hoje em dia é fruto de séculos de experiência, adaptação e desenvolvimento. Não são as regras atuais do boxe profissional que fazem dele “boxe”; elas são apenas uma consequência do seu desenvolvimento histórico até hoje.

Vejamos quais as diferenças entre os diferentes estilos — diferenças nas regras (ou ausência das mesmas), treinos e cultura esportiva e marcial.

Regras e cultura gentleman do boxe profissional

As regras do boxe “clássico” já foram codificadas desde o final do século 19, nas famosas regras do Marquês de Queensberry. Embora aspectos como “não chutar” já estivessem presentes, as regras de Queensberry obrigaram o uso de luvas, o respeito pelo adversário caído e a não-interferência no ringue da parte de terceiros.

Mesmo antes disso, o boxe clássico inglês já se diferenciava por ser um esporte de gentleman, proibindo o uso das pernas e banindo os golpes baixos. Em contraste, o boxe francês permitia chutes (precursor do atual kickboxing) e chutes ou socos em qualquer parte do corpo. O boxe tailandês, ou Muay Thai, ia até mais longe, permitindo não só uso das pernas, mas também incluindo chutes com as canelas e joelhos.

Como dá para ver, o boxe inglês, ao instituir limitações cavalheirescas nas possibilidades de luta, também acabou gerando um estilo de luta mais artificial, menos intuitivo — mas também mais próprio para um esporte regulado.

É dessa limitação que vêm as principais diferenças entre o boxe “oficial” e o boxe de rua.

Boxe de rua

Boxe de rua: Um estilo mais natural e desregrado

Paralelamente ao boxe oficial regrado, esportivo e fair-play, desenvolveu-se também o boxe de rua. Praticamente sinônimo de luta de rua, esse estilo de boxe visa principalmente à defesa pessoal. 

Aqui, não só é permitido o uso de chutes e golpes em todas as partes do corpo, mas é inclusive um estilo onde há poucas proteções aos lutadores — um vale-tudo que chega mesmo à violência extrema. A arbitragem, se é que existe, está ali só para impedir espectadores de também participarem da luta. 

Diferente da cultura de fair play e respeito ao adversário, o boxe de rua é associado com a esperteza, com a mentalidade de ganhar a qualquer custo, com as apostas ilegais e mesmo com as gangues de rua. É uma cultura de poder mais primitiva, às margens da sociedade estabelecida e presente não raro no submundo do crime.

Conclusão

Podemos concluir dizendo que o boxe de rua está para o boxe oficial assim como o animal selvagem está para o domesticado. É agressivo, desregrado, instintivo. Pode ser melhor na defesa pessoal, mas difícil de treinar ou praticar sem ferir os adversários, e por isso mesmo é um estilo que deve continuar relegado à rua — e não ao ringue.