Os perigos do boxe de rua: Por que as lutas desreguladas podem ser mortais e o que fazer para impedi-las

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Como já vimos anteriormente, o boxe de rua tem desfrutado de uma popularidade maior desde o começo dos anos 2000. Atraindo um público significativo online, especialmente em fóruns do “submundo da internet” como o 4chan, essas lutas desregradas e violentas não raro viralizam na internet — e por péssimos motivos.

O fato é que as lutas de rua são extremamente perigosas. Mortais, até.

Embates mortíferos

Um único soco desferido com força suficiente pode levar à morte. A campanha britânica One Punch Can Kill, por exemplo, registrou quase 100 mortes causadas por um único soco desde 2007.

Isso porque, embora nossa tendência seja associar violência mortal com armas de fogo ou instrumentos cortantes, o corpo humano é extremamente delicado. 

Um murro na cabeça pode deslocar o cérebro dentro do crânio, causando lesões irreversíveis. Um homem derrubado por um soco pode bater a cabeça fatalmente. Ou, ainda, um soco na cabeça pode lesar uma artéria vital, levando à morte imediata.

Mesmo nos esportes marciais organizados, onde todas as precauções são tomadas, o resultado de uma luta ainda pode ser destruidor. Mesmo no boxe oficial, desde a implementação das regras do Marquês de Queensberry (que mandam o uso de luvas), foram registrados mais de 500 eventos fatais no ringue.

soco desferido

O problema

Em grande parte, o problema das lutas de rua é cultural. Uma grande culpada é a própria forma como a violência é retratada nos filmes e na TV.

As mais das vezes, nossos heróis idolatrados são imunes às consequências da violência. Poucas lutas têm desfechos letais ou mesmo sérios. Não se mostram, por exemplo, brigas onde um lado sai com todos os dentes quebrados ou o rosto deformado para o resto da vida; ninguém pega 5 anos de cadeia por um soco dado no calor da hora. 

Pela mídia que consumimos, nossa impressão de que realmente é violência fica quase irremediavelmente distorcida.

A solução

Ironicamente, é quem pratica artes marciais que mais está ciente da realidade da violência e pronto a evitá-la. Como diria Mr Miyagi: No be there. A primeira regra é evitar situações de risco; evitar provocar sem motivo; não perder a calma facilmente.

Isso é algo que precisa ser incutido na cultura. É uma lição que as crianças que praticam karatê ou jiu-jitsu, por exemplo, logo aprendem e levam para a vida toda.

Mesmo assim, muita gente que não quer violência acaba se metendo em situações terríveis, que impactam toda a vida. Uma briga em defesa da namorada. Um soco acertado bem demais. E depois vários anos que um pacífico e promissor estudante passa vendo o sol nascer quadrado.

Evite “lutas territoriais”, evite disputas por “honra” ou outros tipos de brigas de rua desnecessárias. E para isso, aprenda a reconhecer os indícios da violência no horizonte. Por exemplo, a “dança do macaco”, como a chama Rory Miller em sua obra Facing Violence: Preparing for the Unexpected — a linguagem corporal frequentemente alerta em alto e bom tom que a situação está se tornando feia. Não podemos ignorá-la.

É importante também entender as ramificações legais da violência, inclusive quais seus direitos à autodefesa — e quais os limites desta.

E é fundamental saber se afastar.

Conclusão

No livro Judo Verbal: A Gentil Arte da Persuasão, Jerry Jenkins mostra exatamente isso: as situações mais perigosas podem ser neutralizadas com esperteza, humildade e uma cabeça fria.

As lutas de rua, quer organizadas, quer orgânicas, são quase invariavelmente evitáveis e desnecessárias. Temos a capacidade — e o dever — de fazer nossa parte para evitá-las.